Agora é profissão
Recém-regulamentada, a atividade de intérprete de Libras ganha espaço no mercado
Para quem vive em um mundo feito de silêncio, tarefas aparentemente simples, como ouvir as ordens do chefe ou acompanhar as aulas de inglês, podem se transformar em verdadeiros desafios.
Dispostos a mudar essa realidade, vivenciada por milhares de surdos no país, profissionais especializados estão ganhando cada vez mais espaço no mercado: são os intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras), cuja profissão acaba de ser regulamentada por lei.
Dados oficiais indicam que o Brasil tem hoje mais de 6 milhões de deficientes auditivos, dos quais 65,6 mil estão formalmente inseridos no mercado de trabalho. Para garantir a inclusão desse contingente, os setores público e privado investem na contratação de tradutores.
São eles que fazem a mediação entre os surdos e seus interlocutores, garantindo o repasse correto de informações e possibilitando que a rotina de quem não ouve transcorra sem percalços. A presença desses profissionais é cada vez mais visível em empresas e universidades – e tende a se tornar ainda mais corriqueira e ampla daqui para frente. Isso porque, no início do mês, foi sancionada a Lei 12.319, que reconhece e regulamenta o ofício. Uma luta de anos, festejada por quem atua na área.
– A norma reforça o que já vínhamos percebendo nos últimos tempos: há uma grande procura por profissionais que dominam a língua de sinais – diz o intérprete de Libras da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) Isaac Gomes Moraes.
Apesar do avanço, a intérprete Ângela Russo, da Associação Gaúcha de Intérpretes de Língua de Sinais (Agils), ressalta que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Para a especialista, a lei falha ao deixar de fora a exigência de Ensino Superior para quem pretende se profissionalizar.
– Vamos lutar para que seja exigido o diploma, por considerarmos uma garantia de qualidade. De qualquer forma, a lei é fundamental para mostrar que o que fazemos não é um ato assistencial. É uma profissão – garante a gaúcha.
O tradutores são importantes em diferentes aspectos. Não apenas para que surdos e ouvintes se entendam, mas também para garantir que deficientes sejam contratados e consigam se firmar no mercado de trabalho.
– Já vi muitos casos de demissão acontecerem porque eles não entendiam o que os chefes queriam – alerta Moraes.
No que depender dos experts na língua de sinais, situações desse tipo, em breve, serão apenas histórias do passado.
juliana.bublitz@zerohora.com.br
JULIANA BUBLITZ
O que diz a lei
- Publicada em 2 de setembro no Diário Oficial da União, a Lei 12.319/2010 regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
- Segundo o documento, o profissional deve ter a capacidade de mediar a comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos e surdos-cegos e ouvintes, da língua dos sinais para a língua oral e vice-versa.
- Entre suas atribuições, estão interpretar a língua portuguesa em atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino, atuar nos processos seletivos para concursos públicos e em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos e policiais.
Fonte:http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/portal/index.php?id=noticias&cod=1179
É mesmo um campo vasto Fernanda! Me impressiona a cegueira que existe em relação ao tema, de uma maneira geral. Muitos só percebem se conhecem alguém (isso quando não discriminam).
ResponderExcluirParabéns pela a bertura desse espaço! Como me interessa vivamente, vou te seguir, ok?
Um abraço!